Alguém se lembra que faz justamente, hoje, 257 anos que Lisboa foi atingida por um terramoto, e que foi notícia na Europa?
Pois é, na manhã de 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, um violento terramoto
fez-se sentir em Lisboa, Setúbal e no Algarve. Na capital, local onde
atingiu maior intensidade (modernamente crê-se que com grau
9 na escala de Ritcher ), foi acompanhado por um maremoto (tsunami)
com ondas que parecem ter chegado aos 20 metros. O maremoto varreu o Terreiro do
Paço e um gigantesco incêndio que, durante 6 dias, completaram o cenário
de destruição de toda a Baixa de Lisboa.
Este trágico acontecimento foi
tema de uma vasta literatura, e de que é exemplo o poema de Voltaire "Le Désastre de Lisbonne", publicado em 1756, no ano seguinte ao terramoto que devastou a capital portuguesa. Este texto serviu de pretexto para o filósofo se opor a quantos viam no acontecimento um mero reflexo inelutável da vontade divina.
De uma população de 275 mil habitantes em Lisboa, crê-se que 90 mil
morreram.
Cerca de 85% das
construções de Lisboa foram destruídas, incluindo palácios famosos e
bibliotecas, conventos e igrejas, hospitais e todas as estruturas.
Várias construções que sofreram poucos danos pelo terramoto foram
destruídas pelo fogo que se seguiu ao abalo sísmico.
Quase por milagre, a família real escapou ilesa à catástrofe. O Rei D.
José I e a corte tinham deixado a cidade depois de assistir a uma missa
ao amanhecer, encontrando-se em Santa Maria de Belém, nos arredores de
Lisboa, na altura do sismo. A ausência do rei na capital deveu-se à
vontade das princesas de passar o feriado fora da cidade. Depois da
catástrofe, D. José I ganhou uma fobia a recintos fechados e viveu o
resto da sua vida num complexo luxuoso de tendas no Alto da Ajuda, em
Lisboa "A Real Barraca da Ajuda".
Tal como o rei, o Marquês do Pombal, Ministro da Guerra e futuro
Primeiro-ministro de Portugal, sobreviveu ao terramoto. Com o
pragmatismo que caracterizou a sua futura governação, ordenou ao
exército a imediata reconstrução de Lisboa. Conta-se que à pergunta "E
agora?" respondeu: - "Enterram-se os mortos e cuidam-se os vivos", mas esse
diálogo é provavelmente apócrifo. A sua rápida resolução levou a
organizar equipas de bombeiros para combater os incêndios e recolher os
milhares de cadáveres para evitar epidemias.
O ministro e o rei contrataram arquitectos e engenheiros, e em menos de
um ano depois do terramoto já não se encontravam em Lisboa ruínas e os
trabalhos de reconstrução iam adiantados. O rei desejava uma cidade nova
e ordenada e grandes praças e avenidas largas e rectilíneas marcaram a
planta da nova cidade. Na altura alguém perguntou ao Marquês de Pombal
para que serviam ruas tão largas, ao que este respondeu que um dia
hão-de achá-las estreitas....
O novo centro da cidade, hoje conhecido por Baixa Pombalina é uma das
zonas nobres da cidade. São os primeiros edifícios mundiais a serem
construídos com protecções anti-sísmica, que foram testadas em modelos
de madeira, utilizando-se tropas a marchar para simular as vibrações
sísmicas.
O terramoto de Lisboa
História de Portugal: O Terramoto de Lisboa (1755)
A Professora Bibliotecária Ana Maria Paiva
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