Há 95 anos, pelas 11.00h do dia 11 de novembro, o armistício foi assinado em Rethondes, na floresta de Compiègne, pondo fim aos combates da Primeira Guerra Mundial (1914/1918). O armistício foi assinado entre os Aliados e o Império Alemão. Relatos contam cenas de alegria, de emoção, felicidade e confraternização com o anúncio do cessar-fogo.
O pesadelo acabou: depois de quatro anos de sofrimento, uma multidão celebra o anúncio do armistício nas ruas de Paris
Calcula-se que os países europeus tiveram cerca de 8 milhões de mortos e 6 milhões de inválidos. Às 16h00 do mesmo dia, no Palais Bourbon, Georges Clemenceau lê as condições do armistício, reintegra a Alsácia e a Lorena ao território francês (já que os termos do tratado obrigavam que a Alemanha devolvesse essas regiões à França) e rende homenagens à Nação. Mas foram os antigos combatentes que instituíram a data como parte do calendário de celebrações nacionais.
O dia de assinatura do armistício é considerado festa nacional em diversos países vencedores, e por esse motivo, na Alemanha não se celebra a data.
Em Londres, os sinos soam para comemorar o armistício de 1918.
A principal homenagem é feita no centro de Londres, quando a Rainha, membros da família real, políticos e outras autoridades colocam coroas de flores no Cenotaph, em Whitehall, o monumento erguido justamente para honrar os mortos de guerra.
A flor da papoula (poppy, em inglês) é o símbolo da data e é usada por muitos na lapela para indicar suporte e apoio a estes heróis nacionais. Esta flor foi a escolhida por representar os campos de Flandres e Picardy, regiões do norte da França e da Bélgica, palco de sangrentas batalhas.
A British Legion, organização beneficente que há mais de 90 anos dá suporte aos soldados e seus familiares, organiza nesta época o Poppy Appeal, uma campanha para levantar fundos para seu trabalho, através da venda de produtos em que figuram a papoula, e de outras iniciativas.
O campo de papoilas mais famoso foi o de Ypres, uma cidade da Flandres, na Bélgica, que era crucial para a defesa aliada. Lá decorreram três batalhas, mas foi a segunda, que foi catastrófica para os aliados porque foi a primeira vez que os alemães usaram o gás de cloro que estavam a experimentar que trouxe as papoilas em grande abundância e que inspirou um médico canadiano, o major John MacCrae a escrever o seu mais famoso poema.
Isto, por sua vez, inspirou a legião britânica a adoptar a papoila como o seu emblema em memória dos mortos da Grande Guerra
Monumento erigido em memória dos soldados mortos - Ypres
Celebrações em Ypres
Recordemos o belo e triste poema escrito pelo médico canadiano que morreu em serviço na Flandres
NOS CAMPOS DE FLANDRES
Nos campos de Flandres
as papoulas estão florescendo entre as cruzes
que em fileiras e mais fileiras assinalam
nosso lugar; no céu as cotovias voam
e continuam a cantar heroicamente,
e mal se ouve o seu canto entre os tiros cá em baixo.
Somos os mortos… Ainda há poucos dias, vivos,
ah! nós amávamos, nós éramos amados;
sentíamos a aurora e víamos o poente
a rebrilhar, e agora eis-nos todos deitados
nos campos de Flandres.
Continuai a lutar contra o nosso inimigo;
nossa mão vacilante atira-vos o archote:
mantende-o no alto. Que, se a nossa fé trairdes,
nós, que morremos, não poderemos dormir,
ainda mesmo que floresçam as papoulas
nos campos de Flandres.
(1915) In Flanders Fields de John McCrae
A Professora Bibliotecária
Ana Maria Paiva
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