Passaram 40 anos...
O Portugal triste, atrasado, que conhecíamos floriu numa madrugada!
A alegria, o entusiasmo, a força de viver, a esperança espelhavam-se nos rostos humanos ...
Comemorar a liberdade ... um bem tão precioso naqueles tempos ...
Portugal foi visto com outros olhos pelos povos estrangeiros e constituiu um exemplo. A democracia, esse bem tão precioso, impunha-se. Nunca isso tinha acontecido antes. Houve tantas alterações na sociedade portuguesa! A educação, a saúde, melhores salários, a igualdade de sexos, a valorização do papel da mulher na sociedade, a aproximação à Europa, com a consequente integração de Portugal na Comunidade Europeia em 1986 ...
Apesar dos benefícios que nos trouxe a revolução de Abril, a crise a vários níveis, a descrença na justiça, a falta de verdade, a desonestidade, a emigração dos jovens, o desemprego, o futuro incerto são preocupações diárias que têm tirado o brilho àquele esplendoroso dia! Mas o sol nasce todos os dias, não podemos esquecer!
Ao longo da História, Portugal sempre se levantou. Mais uma vez, tenhamos esperança no amanhã.
Recordemos o último poema da "Mensagem" de Fernando Pessoa, e que tão bem se adapta a esta época em que estamos a viver:
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje é nevoeiro ...
A Professora Bibliotecária Ana Maria Paiva
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