quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O terramoto de Lisboa

Alguém se lembra que faz justamente, hoje, 257 anos que Lisboa foi atingida por um terramoto, e que foi notícia na Europa?
Pois é, na manhã de 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, um violento terramoto fez-se sentir em Lisboa, Setúbal e no Algarve. Na capital, local onde atingiu maior intensidade (modernamente crê-se que com grau 9 na escala de Ritcher ), foi acompanhado por um maremoto (tsunami) com ondas que parecem ter chegado aos 20 metros. O maremoto varreu o Terreiro do Paço e um gigantesco incêndio que, durante 6 dias, completaram o cenário de destruição de toda a Baixa de Lisboa.
Este trágico acontecimento foi tema de uma vasta literatura, e de que é exemplo o poema de Voltaire "Le Désastre de Lisbonne", publicado em 1756, no ano seguinte ao terramoto que devastou a capital portuguesa. Este texto serviu de pretexto para o filósofo se opor a quantos viam no acontecimento um mero reflexo inelutável da vontade divina.
De uma população de 275 mil habitantes em Lisboa, crê-se que 90 mil morreram.
Cerca de 85% das construções de Lisboa foram destruídas, incluindo palácios famosos e bibliotecas, conventos e igrejas, hospitais e todas as estruturas. Várias construções que sofreram poucos danos pelo terramoto foram destruídas pelo fogo que se seguiu ao abalo sísmico.
Quase por milagre, a família real escapou ilesa à catástrofe. O Rei D. José I e a corte tinham deixado a cidade depois de assistir a uma missa ao amanhecer, encontrando-se em Santa Maria de Belém, nos arredores de Lisboa, na altura do sismo. A ausência do rei na capital deveu-se à vontade das princesas de passar o feriado fora da cidade. Depois da catástrofe, D. José I ganhou uma fobia a recintos fechados e viveu o resto da sua vida num complexo luxuoso de tendas no Alto da Ajuda, em Lisboa "A Real Barraca da Ajuda".
Tal como o rei, o Marquês do Pombal, Ministro da Guerra e futuro Primeiro-ministro de Portugal, sobreviveu ao terramoto. Com o pragmatismo que caracterizou a sua futura governação, ordenou ao exército a imediata reconstrução de Lisboa. Conta-se que à pergunta "E agora?" respondeu: -  "Enterram-se os mortos e cuidam-se os vivos", mas esse diálogo é provavelmente apócrifo. A sua rápida resolução levou a organizar equipas de bombeiros para combater os incêndios e recolher os milhares de cadáveres para evitar epidemias.
O ministro e o rei contrataram arquitectos e engenheiros, e em menos de um ano depois do terramoto já não se encontravam em Lisboa ruínas e os trabalhos de reconstrução iam adiantados. O rei desejava uma cidade nova e ordenada e grandes praças e avenidas largas e rectilíneas marcaram a planta da nova cidade. Na altura alguém perguntou ao Marquês de Pombal para que serviam ruas tão largas, ao que este respondeu que um dia hão-de achá-las estreitas....
O novo centro da cidade, hoje conhecido por Baixa Pombalina é uma das zonas nobres da cidade. São os primeiros edifícios mundiais a serem construídos com protecções anti-sísmica, que foram testadas em modelos de madeira, utilizando-se tropas a marchar para simular as vibrações sísmicas. 

O terramoto de Lisboa

 História de Portugal: O Terramoto de Lisboa (1755)

A Professora Bibliotecária Ana Maria Paiva


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